segunda-feira, 28 de junho de 2010

31ª Corrida das Fogueiras.

Pelo 4º ano consecutivo passámos o último fim-de-semana do mês de Junho em Peniche, tivemos desta vez a companhia da família Veloso, foi um reeditar daquele fim-de-semana de 2003, então ainda sem as nossas "princesas", o do meu 1º ano nas "Fogueiras" (o Vitor participou então nas "Fogueirinhas").
Na noite de sábado participámos ambos na 31ª Corrida das Fogueiras, para mim foi a 5ª participação nas "Fogueiras", 4ª consecutiva.

Dessas 5 participações ficam números:
2003 – 1h05'30''
2007 – 1h13'14''
2008 – 1h10'53''
2009 – 1h09'49''
2010 – 1h09'19''

Ficam também guardadas no meu arquivo de memórias gratas recordações desses cinco fins-de-semana passados em Peniche, os dos anos de 2007, 2008 e 2009 descritos na altura com algum pormenor nestas "palavras de corredor".
Este de 2010 ficará fortemente marcado pelo que aconteceu hoje de manhã quando tomávamos o pequeno-almoço, caiu o primeiro dente de leite à Vitória…
Faltam agora 34 dias para o Raid Melides-Tróia.

Dados da minha prova:
Tempo: 1h09'19''
Ritmo: 4'37''/km
Lugar Geral: 579 (1849 atletas)
Lugar Escalão [M45]: 91 (263 atletas)

sábado, 19 de junho de 2010

O homem mais sábio...

Palavras de José Saramago

(do discurso na Academia Sueca ao receber o Prêmio Nobel de Literatura)


O homem mais sábio que conheci em toda a minha vida não sabia ler nem escrever. Às quatro da madrugada, quando a promessa de um novo dia ainda vinha em terras de França, levantava-se da enxerga e saía para o campo, levando ao pasto a meia dúzia de porcas de cuja fertilidade se alimentavam ele e a mulher. Viviam desta escassez os meus avós maternos, da pequena criação de porcos que, depois do desmame, eram vendidos aos vizinhos da aldeia. Azinhaga de seu nome, na província do Ribatejo. Chamavam-se Jerónimo Melrinho e Josefa Caixinha esses avós, e eram analfabetos um e outro. No Inverno, quando o frio da noite apertava ao ponto de a água dos cântaros gelar dentro da casa, iam buscar às pocilgas os bácoros mais débeis e levavam-nos para a sua cama. Debaixo das mantas grosseiras, o calor dos humanos livrava os animaizinhos do enregelamento e salvava-os de uma morte certa. Ainda que fossem gente de bom carácter, não era por primores de alma compassiva que os dois velhos assim procediam: o que os preocupava, sem sentimentalismos nem retóricas, era proteger o seu ganha-pão, com a naturalidade de quem, para manter a vida, não aprendeu a pensar mais do que o indispensável. Ajudei muitas vezes este meu avô Jerónimo nas suas andanças de pastor, cavei muitas vezes a terra do quintal anexo à casa e cortei lenha para o lume, muitas vezes, dando voltas e voltas à grande roda de ferro que accionava a bomba, fiz subir a água do poço comunitário e a transportei ao ombro, muitas vezes, às escondidas dos guardas das searas, fui com a minha avó, também pela madrugada, munidos de ancinho, panal e corda, a recolher nos restolhos a palha solta que depois haveria de servir para a cama do gado. E algumas vezes, em noites quentes de Verão, depois da ceia, meu avô me disse: "José, hoje vamos dormir os dois debaixo da figueira". Havia outras duas figueiras, mas aquela, certamente por ser a maior, por ser a mais antiga, por ser a de sempre, era, para toda as pessoas da casa, a figueira. Mais ou menos por antonomásia, palavra erudita que só muitos anos depois viria a conhecer e a saber o que significava... No meio da paz nocturna, entre os ramos altos da árvore, uma estrela aparecia-me, e depois, lentamente, escondia-se por trás de uma folha, e, olhando eu noutra direcção, tal como um rio correndo em silêncio pelo céu côncavo, surgia a claridade opalescente da Via Láctea, o Caminho de Santiago, como ainda lhe chamávamos na aldeia. Enquanto o sono não chegava, a noite povoava-se com as histórias e os casos que o meu avô ia contando: lendas, aparições, assombros, episódios singulares, mortes antigas, zaragatas de pau e pedra, palavras de antepassados, um incansável rumor de memórias que me mantinha desperto, ao mesmo tempo que suavemente me acalentava. Nunca pude saber se ele se calava quando se apercebia de que eu tinha adormecido, ou se continuava a falar para não deixar em meio a resposta à pergunta que invariavelmente lhe fazia nas pausas mais demoradas que ele calculadamente metia no relato: "E depois?". Talvez repetisse as histórias para si próprio, quer fosse para não as esquecer, quer fosse para as enriquecer com peripécias novas. Naquela idade minha e naquele tempo de nós todos, nem será preciso dizer que eu imaginava que o meu avô Jerónimo era senhor de toda a ciência do mundo. Quando, à primeira luz da manhã, o canto dos pássaros me despertava, ele já não estava ali, tinha saído para o campo com os seus animais, deixando-me a dormir. Então levantava-me, dobrava a manta e, descalço (na aldeia andei sempre descalço até aos 14 anos), ainda com palhas agarradas ao cabelo, passava da parte cultivada do quintal para a outra onde se encontravam as pocilgas, ao lado da casa. Minha avó, já a pé antes do meu avô, punha-me na frente uma grande tigela de café com pedaços de pão e perguntava-me se tinha dormido bem. Se eu lhe contava algum mau sonho nascido das histórias do avô, ela sempre me tranquilizava: "Não faças caso, em sonhos não há firmeza". Pensava então que a minha avó, embora fosse também uma mulher muito sábia, não alcançava as alturas do meu avô, esse que, deitado debaixo da figueira, tendo ao lado o neto José, era capaz de pôr o universo em movimento apenas com duas palavras. Foi só muitos anos depois, quando o meu avô já se tinha ido deste mundo e eu era um homem feito, que vim a compreender que a avó, afinal, também acreditava em sonhos. Outra coisa não poderia significar que, estando ela sentada, uma noite, à porta da sua pobre casa, onde então vivia sozinha, a olhar as estrelas maiores e menores por cima da sua cabeça, tivesse dito estas palavras: "O mundo é tão bonito, e eu tenho tanta pena de morrer". Não disse medo de morrer, disse pena de morrer, como se a vida de pesado e contínuo trabalho que tinha sido a sua estivesse, naquele momento quase final, a receber a graça de uma suprema e derradeira despedida, a consolação da beleza revelada. Estava sentada à porta de uma casa como não creio que tenha havido alguma outra no mundo porque nela viveu gente capaz de dormir com porcos como se fossem os seus próprias filhos, gente que tinha pena de ir-se da vida só porque o mundo era bonito, gente, e este foi o meu avô Jerónimo, pastor e contador de histórias, que, ao pressentir que a morte o vinha buscar, foi despedir-se das árvores do seu quintal, uma por uma, abraçando-se a elas e chorando porque sabia que não as tornaria a ver.

Nota) Das muitas palavras de Saramago que me marcaram profundamente, neste sábado sombrio, recordo as que estão transcritas em cima, é a minha singela e humilde homenagem ao homem, ao escritor, ao cidadão do mundo.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Portugal futuro

O portugal futuro é um país
aonde o puro pássaro é possível
e sobre o leito negro do asfalto da estrada
as profundas crianças desenharão a giz
esse peixe da infância que vem na enxurrada
e me parece que se chama sável
Mas desenhem elas o que desenharem
é essa a forma do meu país
e chamem elas o que lhe chamarem
portugal será e lá serei feliz
Poderá ser pequeno como este
ter a oeste o mar e a espanha a leste
tudo nele será novo desde os ramos à raiz
À sombra dos plátanos as crianças dançarão
e na avenida que houver à beira-mar
pode o tempo mudar será verão
Gostaria de ouvir as horas do relógio da matriz
mas isso era o passado e podia ser duro

Ruy Belo, Palavra[s] de Lugar, in Homem de Palavra[s]

Nota) Palavras de um poeta de que gosto mesmo muito, outras palavras do poeta aqui e aqui.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Brisas do Atlântico 2010.

[clicar na imagem para ver melhor]

Em cima à esquerda - dupla TANDUR na fase de aquecimento (em Almograve).
Em cima à direita - fase inicial da prova de patinagem.
Ao meio à esquerda - dupla TANDUR na fase inicial da prova (ao lado de uma lenda viva do atletismo português).
Ao meio à direita - dupla TANDUR nos metros finais da prova (em Zambujeira do Mar).
Em baixo à esquerda - com as duas pessoas que eu mais amo na vida.
Em baixo à direita - dupla TANDUR durante o treino longo de sábado.

Na passado 5ª feira, feriado nacional (10 de Junho), participei numa prova de aproximadamente 20 quilómetros, prova englobada nas "Brisas do Atlântico", evento multidisciplinar que contou com 6 modalidades (atletismo, desporto adaptado, patinagem, pedestrianismo, cicloturismo e BTT).
Os percursos das modalidades de atletismo, desporto adaptado, patinagem e cicloturismo eram de 21 km. O pedestrianismo contou com uma prova de 2,5km e outra de 8km.
A organização destas "Brisas do Atlântico" foi do Município de Odemira e do Núcleo Desportivo e Cultural de Odemira e segundo a autarquia o evento pretendeu "contribuir para um desporto melhor, mais justo e mais equilibrado". "Apoiar a população mais carenciada do concelho de Odemira" era outro dos objectivo desta edição das "Brisas do Atlântico" no âmbito do "Ano Europeu da Luta contra a Pobreza e Exclusão Social". As receitas angariadas no evento reverterão a favor de famílias desfavorecidas, através da aquisição de alimentos de primeira necessidade.

Como disse participei na prova de atletismo, a qual teve partida em Almograve e chegada na Zambujeira do Mar, duas bonitas localidades à beira-Atlântico.
Da minha prova dizer que tive durante a mesma a companhia do meu cunhado Vitor, prova durante a qual corremos quase sempre sem ninguém por perto, passámos aos 10 quilómetros com 47 minutos, sensivelmente a partir dos 14 quilómetros aumentámos um pouco o ritmo o que nos permitiu até final da prova passarmos vários atletas, terminámos com um tempo final a rondar a 1h32' para os 19,6 quilómetros (segundo o meu garmin) que nos levaram de Almograve a Zambujeira do Mar, tempo modesto mas que fruto do reduzido número de participantes e de existirem prémios para os 20 primeiros de cada escalão ainda me deu direito a ser premiado (classifiquei-me em 11º lugar entre os 15 veteranos II que terminaram a prova).
A existência desta prova foi uma bela maneira de dar início ao nosso período de 4 dias passados bem perto da Zambujeira do Mar, aqui, dias há já algum tempo planeados e passados na companhia da família Veloso, dias que acabaram por serem muito retemperadores.
A terminar dizer que além da prova referida realizámos mais dois treinos por terras do Alentejo, um longo no sábado e uma hora a rolar no domingo sendo que no total dos 3 dias (5ª, sábado e domingo) corremos cerca de 53 quilómetros.
Faltam agora 47 dias para o Raid Melides-Tróia.

A "nossa" casa durante os 4 dias no Alentejo.

domingo, 6 de junho de 2010

9ª Corrida do Oriente.

[clicar na imagem para ver melhor]

Em cima à esquerda – "Almeidas" e "Velosos" antes da prova.
Em cima à direita – dupla TANDUR na fase inicial da prova.
Ao meio – durante o "passeio" de 2 quilómetros.
Em baixo à esquerda – "Almeidas" e "Velosos" com o casal Susana/Daniel e mais 2 amigos.
Em baixo à direita – dupla TANDUR com o Paulo Martins.

Decorreu hoje de manhã mais uma edição (a 9ª) da Corrida do Oriente, prova em que já tinha participado em 2003, 2006 e 2007.
Como habitualmente como complemento à prova principal de 10 quilómetros teve também lugar um passeio de 2 quilómetros, este ano denominado "Correr pelo Ambiente".
Esta foi mais uma prova em tivemos a companhia da família Veloso e em que todos participámos, eu e o meu cunhado Vítor na prova de 10 quilómetros, as "meninas" no passeio de 2 quilómetros.
Foi uma bela manhã de domingo passada numa zona muito agradável e onde as actividades paralelas à corrida (animação musical, exercícios de aeróbica, insufláveis, esplanadas, etc.) em muito contribuíram para isso.
Também um enorme prazer rever tantos amigos, daqui da blogosfera o casal Susana/Daniel, o Filipe Fidalgo e família, o Nuno Romão, o Fábio Pio Dias, o José Lopes, o Pedro Ferreira e o Paulo Martins.
A terminar endereço os parabéns ao "Veloso" que mais uma vez bateu a sua melhor marca na distância dos 10 quilómetros.
Faltam agora 55 dias para o Raid Melides-Tróia.

Dados da minha prova:
Tempo: 45'23''
Ritmo: 4'32''/km
Lugar Geral: 343 (1215 atletas)
Lugar Escalão [M4549]: 48 (159 atletas)

Classificações aqui.

Regresso ao Oriente.

Hoje de manhã, eu e a Vitória:

A Família do Corredor:

Famílias Almeida e Veloso:
Neste regresso ao Oriente, onde já não marcava presença desde 2007, tivemos este ano a companhia da família Veloso, reencontrámos muitos amigos e tivemos como habitualmente uma bela prova.

Mais palavras (e fotos) em breve.

terça-feira, 1 de junho de 2010

2ª Corrida Novas Oportunidades.

[clicar na imagem para ver melhor]

Em cima à esquerda
– fase inicial da 1ª prova do dia, a de Bambis, prova em que a Vitória participou.
Em cima à direita – eu e a Isabel na companhia da Filipa Vicente.
Ao meio à esquerda – eu, Filipa Vicente e Vitor Veloso.
Ao meio à direita – Almeida e Veloso durante a prova.
Em baixo à esquerda – as "meninas" já depois da caminhada de 3 km.
Em baixo à direita – Famílias Almeida e Veloso antes do regresso à casa.

Organizada pela Agência Nacional para a Qualificação e com o apoio técnico da HMS Sports Consulting realizou-se no passado domingo a 2ª Corrida Novas Oportunidades, evento que integrou uma prova principal de 10 quilómetros, uma mini/caminhada de 3 quilómetros e provas destinadas a crianças.
A primeira prova do dia teve partida às 10 horas e foi a de Bambis (destinada a crianças com 5 e 6 anos), prova em que a Vitória participou, seguiram-se os Benjamins A e B (crianças dos 7 aos 11 anos).
Às 11 horas foi dada a partida simultânea da prova de 10 quilómetros e da mini/caminhada de 3 quilómetros.
Este foi um evento em que toda a família participou, como disse a Vitória na prova de Bambis, eu na de 10 quilómetros e a Isabel na caminhada de 3 quilómetros.
Foi também mais uma manhã na companhia da Família Veloso que igualmente participou em força e igualmente um prazer rever 2 dos companheiros daqui da blogosfera que por lá estiveram, a Filipa Vicente e o Filipe Fidalgo.
Da minha prova pouco a dizer, parti na companhia do meu cunhado Vitor, nos primeiros quilómetros fomos apanhados pelo Filipe Fidalgo que rápido se adiantou, ainda antes do meio da prova o Vitor começou também ele a ganhar-me avanço para terminar com o seu melhor registo na distância, eu viria a terminar com 46'04'', o que apesar de ser o meu pior registo este ano na distância não me deixou de todo descontente.
Faltam agora 60 dias para o Raid Melides – Tróia.

Dados da minha prova:
Tempo: 46'04''
Ritmo: 4'36''/km
Lugar Geral: 250 (1551 atletas)

Fotos da Isabel aqui.