O dia da prova (de Setenil à linha de chegada).
Pouco depois completava 60 quilómetros de prova, olhei o "garmin" e saboreei a conquista, por essa altura seguia a passo em mais uma subida, logo após deu para correr nos largos estradões existentes, pouco depois cheguei junto de um numeroso grupo que tentavam prosseguir sem passar por dentro da água que cobria completamente o estradão, o qual não dava para contornar pois existiam vedações de ambos os lados, não me fiz rogado e lá avancei, logo depois retomei o ritmo de corrida e dei por mim em mais uma zona de abastecimento (14º, Cortijo Charco Lucero), localizado numa subida e onde fui recebido como os demais participantes com bastantes incentivos.
Os quilómetros seguintes foram sempre a subir, caminhei mais uma vez durante os mesmos, nessa fase ainda mantinha a caminhar um bom ritmo de progressão que me ia permitindo ultrapassar alguns participantes.
Ao chegar aos 70 quilómetros senti dupla alegria, pelos "70" e porque sabia que a partir daquele ponto até ao quartel seria quase sempre a descer, senti então que chegaria ao quartel com relativa facilidade, a descida essa porém não foi mesmo nada fácil, uma inclinação bem acentuada e em piso de betão fazia com que muitos dos participantes a fizessem a passo, eu realizei-a a correr embora sempre em ritmo baixo, aumentei depois o ritmo na fase seguinte ainda a descer mas menos do que anteriormente.
Cheguei ao km 75 sem ninguém por perto, aproveitei o terreno praticamente plano para aumentar ainda mais um pouco o ritmo, passei para o outro lado da ribeira, um pouco mais acima um legionário indicou-me o caminho, depois foi sempre a direito até entrar no quartel, passavam das oito e meia da noite, um fim de tarde que perdurará para sempre na minha memória.
Parei de correr, parei o "garmin" de contar, entrei e tratei de ir buscar o meu saco, fui à casa de banho e lavei-me, mudei de roupa, preparei-me para a noite, devolvi o saco e fui comer (arroz, coca-cola e uma banana).
No tempo que estive no quartel falei com o Tigre e o Sousa (das Lebres) e, quando já estava de saída também com o abutre-mor (Vitorino Coragem).
Saí do quartel já depois das nove horas da noite e numa altura em que começava a haver muito mais participantes que à hora a que eu tinha chegado.
Coloquei o "garmin" a contar o tempo, fiz ainda a passo a curta subida antes de sair do interior do quartel enquanto ia falando com a Isabel pelo telemóvel, recomecei a correr, em menos de nada comecei a ver participantes a virem em sentido contrário e pensei logo que havia algum engano no percurso, percebi depois que era o pessoal que já estava a caminho de Ronda depois de terem feito a parte do percurso que eu ia iniciar, em menos de nada estava a olhar o "garmin" que marcava os "80", pouco depois iniciava-se a duríssima subida à "ermita", pela imensa fila intermitente de luzes vermelhas que avistava de cada vez que olhava para cima sabia que o caminho ia ser bem penoso, mesmo a caminhar não foi fácil.
Cheguei ao topo, o ladrar de um cão a quebrar os silêncio da noite, segui por um trilho, primeiro a direito, depois a descer, aos poucos abriu-se o espaço para correr mas o piso esse continuou irregular, lá bem em baixo comecei a ouvir os legionários que estavam no ponto de abastecimento que se seguiria e que iam gritando para virmos para baixo, continuei a descer, passei pelo ponto de abastecimento (17º, Montejaque), procurei se não havia controlo de passagem, reiniciei o passo de corrida e passei na fase seguinte alguns participantes, pouco depois passei por uma povoação, numa altura em que a Isabel me tinha ligado para o telemóvel e me tinha dito que já estavam (ela e a Vitória) na zona de chegada, olhei o "garmin" que não marcava ainda os "90" e pensei que seria grande a espera que teriam ainda que fazer.
Na fase seguinte o percurso apesar de praticamente plano revelou-se bem complicado pois foi feito em trilho extremamente enlameado, continuei a correr mais uma vez sem ter ninguém por perto, quase que parecia impossível que estava a participar numa prova com um tão grande número de participantes.
O "garmin" a marcar os "90", mais uma das muitas boas recordações que guardarei para sempre, pouco depois mais um abastecimento (o 19º), alguns participantes por lá entre os quais o Tigre, troquei algumas palavras com ele, saímos juntos desse ponto de abastecimento, quase de imediato começamos a correr, aos poucos fui ganhando avanço, após o quartel só bebi água mas tive sempre uma sensação de boca seca muito por culpa do arroz bem salgado que comi no quartel.
Na fase seguinte da prova, em que passámos perto do quartel, comecei a cruzar-me com muitos participantes que seguiam em sentido contrário, um desfilar constante de participantes, pensei no que os ainda esperava, pouco depois segui no rasto de 3 companheiros que iam à minha frente e que cortaram para a direita, um legionário nesse ponto também me indicou esse caminho.
Sabia que estava já bem perto de Ronda, não demorou muito para que a tivesse no meu campo de visão, mas ainda tão lá em cima, falei nessa altura com a Isabel para lhe dizer que até já via Ronda mas que ainda ir demorar mais algum tempo para chegar à meta.
Olhei depois mais uma vez o "garmin" mas dessa feita nada vi, tinha-se apagado (não levei bateria suplementar e sabia que ia acontecer), mais tarde vi que ainda assim registou mais de 97 km e 12h57' de tempo contado (apenas excluído neste tempo o da paragem no quartel), perdi pois a partir daí a noção exacta da distância, também do tempo...
Uma última, longa e íngreme subida até entrar em Ronda, já nas ruas quase desertas recomecei a correr, logo depois comecei a ouvir a nossa claque que depois da grande festa durante a tarde em Setenil a fazia agora já de madrugada em Ronda, cheguei junto da mesma, palavras de incentivos, sorrisos, continuei a correr, avistei quase de imediato o local de chegada, algumas pessoas à entrada do jardim, recta da meta, a Isabel e a Vitória do meu lado esquerdo, parei junto delas, dei a mão à Vitória e corremos juntos aqueles metros finais daquelas mais de 14 horas passadas desde a partida.
Pouco depois completava 60 quilómetros de prova, olhei o "garmin" e saboreei a conquista, por essa altura seguia a passo em mais uma subida, logo após deu para correr nos largos estradões existentes, pouco depois cheguei junto de um numeroso grupo que tentavam prosseguir sem passar por dentro da água que cobria completamente o estradão, o qual não dava para contornar pois existiam vedações de ambos os lados, não me fiz rogado e lá avancei, logo depois retomei o ritmo de corrida e dei por mim em mais uma zona de abastecimento (14º, Cortijo Charco Lucero), localizado numa subida e onde fui recebido como os demais participantes com bastantes incentivos.
Os quilómetros seguintes foram sempre a subir, caminhei mais uma vez durante os mesmos, nessa fase ainda mantinha a caminhar um bom ritmo de progressão que me ia permitindo ultrapassar alguns participantes.
Ao chegar aos 70 quilómetros senti dupla alegria, pelos "70" e porque sabia que a partir daquele ponto até ao quartel seria quase sempre a descer, senti então que chegaria ao quartel com relativa facilidade, a descida essa porém não foi mesmo nada fácil, uma inclinação bem acentuada e em piso de betão fazia com que muitos dos participantes a fizessem a passo, eu realizei-a a correr embora sempre em ritmo baixo, aumentei depois o ritmo na fase seguinte ainda a descer mas menos do que anteriormente.
Cheguei ao km 75 sem ninguém por perto, aproveitei o terreno praticamente plano para aumentar ainda mais um pouco o ritmo, passei para o outro lado da ribeira, um pouco mais acima um legionário indicou-me o caminho, depois foi sempre a direito até entrar no quartel, passavam das oito e meia da noite, um fim de tarde que perdurará para sempre na minha memória.
Parei de correr, parei o "garmin" de contar, entrei e tratei de ir buscar o meu saco, fui à casa de banho e lavei-me, mudei de roupa, preparei-me para a noite, devolvi o saco e fui comer (arroz, coca-cola e uma banana).
No tempo que estive no quartel falei com o Tigre e o Sousa (das Lebres) e, quando já estava de saída também com o abutre-mor (Vitorino Coragem).
Saí do quartel já depois das nove horas da noite e numa altura em que começava a haver muito mais participantes que à hora a que eu tinha chegado.
Coloquei o "garmin" a contar o tempo, fiz ainda a passo a curta subida antes de sair do interior do quartel enquanto ia falando com a Isabel pelo telemóvel, recomecei a correr, em menos de nada comecei a ver participantes a virem em sentido contrário e pensei logo que havia algum engano no percurso, percebi depois que era o pessoal que já estava a caminho de Ronda depois de terem feito a parte do percurso que eu ia iniciar, em menos de nada estava a olhar o "garmin" que marcava os "80", pouco depois iniciava-se a duríssima subida à "ermita", pela imensa fila intermitente de luzes vermelhas que avistava de cada vez que olhava para cima sabia que o caminho ia ser bem penoso, mesmo a caminhar não foi fácil.
Cheguei ao topo, o ladrar de um cão a quebrar os silêncio da noite, segui por um trilho, primeiro a direito, depois a descer, aos poucos abriu-se o espaço para correr mas o piso esse continuou irregular, lá bem em baixo comecei a ouvir os legionários que estavam no ponto de abastecimento que se seguiria e que iam gritando para virmos para baixo, continuei a descer, passei pelo ponto de abastecimento (17º, Montejaque), procurei se não havia controlo de passagem, reiniciei o passo de corrida e passei na fase seguinte alguns participantes, pouco depois passei por uma povoação, numa altura em que a Isabel me tinha ligado para o telemóvel e me tinha dito que já estavam (ela e a Vitória) na zona de chegada, olhei o "garmin" que não marcava ainda os "90" e pensei que seria grande a espera que teriam ainda que fazer.
Na fase seguinte o percurso apesar de praticamente plano revelou-se bem complicado pois foi feito em trilho extremamente enlameado, continuei a correr mais uma vez sem ter ninguém por perto, quase que parecia impossível que estava a participar numa prova com um tão grande número de participantes.
O "garmin" a marcar os "90", mais uma das muitas boas recordações que guardarei para sempre, pouco depois mais um abastecimento (o 19º), alguns participantes por lá entre os quais o Tigre, troquei algumas palavras com ele, saímos juntos desse ponto de abastecimento, quase de imediato começamos a correr, aos poucos fui ganhando avanço, após o quartel só bebi água mas tive sempre uma sensação de boca seca muito por culpa do arroz bem salgado que comi no quartel.
Na fase seguinte da prova, em que passámos perto do quartel, comecei a cruzar-me com muitos participantes que seguiam em sentido contrário, um desfilar constante de participantes, pensei no que os ainda esperava, pouco depois segui no rasto de 3 companheiros que iam à minha frente e que cortaram para a direita, um legionário nesse ponto também me indicou esse caminho.
Sabia que estava já bem perto de Ronda, não demorou muito para que a tivesse no meu campo de visão, mas ainda tão lá em cima, falei nessa altura com a Isabel para lhe dizer que até já via Ronda mas que ainda ir demorar mais algum tempo para chegar à meta.
Olhei depois mais uma vez o "garmin" mas dessa feita nada vi, tinha-se apagado (não levei bateria suplementar e sabia que ia acontecer), mais tarde vi que ainda assim registou mais de 97 km e 12h57' de tempo contado (apenas excluído neste tempo o da paragem no quartel), perdi pois a partir daí a noção exacta da distância, também do tempo...
Uma última, longa e íngreme subida até entrar em Ronda, já nas ruas quase desertas recomecei a correr, logo depois comecei a ouvir a nossa claque que depois da grande festa durante a tarde em Setenil a fazia agora já de madrugada em Ronda, cheguei junto da mesma, palavras de incentivos, sorrisos, continuei a correr, avistei quase de imediato o local de chegada, algumas pessoas à entrada do jardim, recta da meta, a Isabel e a Vitória do meu lado esquerdo, parei junto delas, dei a mão à Vitória e corremos juntos aqueles metros finais daquelas mais de 14 horas passadas desde a partida.
7 comentários:
Emocionante António. Ver os amigos a cometer estas proezas e com a alegria de chegar de forma orgulhosa deixa-me os olhos rasos de alguma emoção, sim porque sei o que significa para vocês a superação da vossa vontade de vencer e chegar junto da família após tão exigente desafio.
A admiração que tenho por vocês não tem limite.
Abraço.
Mais uma vez parabéns António...
E aqui me prendeste à leitura.
Abraço,
Rui
Nossa Antonio fiquei paralisada lendo o teu relato, tão emocionante, Parabéns por essas 14 horas
Bjinhos
Ju
Parabens pela prova e pelo relato. Um destes dias vou tenatr uma proeza dessas.
Abraço, campeão.
sempre bom ler estes relatos. Parabens e venha a próxima!
António,
Muitos parabéns pela grande feito que é correr mais de 100km, só alcance de alguns.
Pois a preparação e dura e longa que rouba tempo a quem merece também a presença.
Ao ler sonhei em lá estar também a correr, quem sabe um dia aventure-me!!!
Não é demais Renovar os parabéns.
Grande abraço!
António;
Acabei de ler estas 3 partes do teu relato desta aventura desportiva. É um bom incentivo para aquilo que vou fazer no próximo fim de semana entre Paris e Roterdão.
Parabéns pelo teu esforço e resultado desportivo de um verdadeiro heroi.
Um abração dos Xavier's
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