quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Ritual.

“O principezinho voltou no dia seguinte.
- Era melhor teres vindo à mesma hora - disse a raposa. Se vieres, por exemplo, às quatro horas, às três, já eu começo a ser feliz. E quanto mais perto for da hora, mais feliz me sentirei. Às quatro em ponto já hei-de estar toda agitada e inquieta: é o preço da felicidade! Mas se chegares a uma hora qualquer, eu nunca saberei a que horas é que hei-de começar a arranjar o meu coração, a vesti-lo, a pô-lo bonito...São precisos rituais.
- O que é um ritual? - perguntou o principezinho.
- Também é uma coisa de que toda a gente se esqueceu - respondeu a raposa. - É o que faz com que um dia seja diferente dos outros dias e uma hora, diferente das outras horas.”
Trecho de "O Principezinho" de Antoine de Saint-Exupéry

O casal acompanhado com a criança, quase que empurrados pelo vento forte que se fazia sentir, entram “a correr” no prédio onde vivem. Momentos antes tinham saído do carro que o homem conduzia e que tinha acabado de estacionar bem defronte do prédio.
Passado algum tempo o mesmo homem sai a porta do prédio para a rua, está agora sozinho, veste um fato de treino e sente no rosto um vento frio, o qual não o parece incomodar, se tal se poder concluir pelo sorriso que o homem esboça ainda antes de dar início ao seu ritual.
Quase de imediato começa lentamente a correr e passados dois, três minutos avista o “terreno” para onde costuma ir, terreno que está quase deserto àquela hora, como quase sempre durante os dias de semana quando para ali vai correr.
Desce os degraus da escada que serve de “entrada” no terreno, sempre com um passo de corrida lento, e, completa uma, duas, três voltas ao mesmo terreno…
Passado esse período inicial que não terá durado mais que 25 minutos desde que saiu de casa, o homem “desata” a correr, a alguém menos atento até podia parecer que não se tratava do mesmo homem, não fosse o facto de passado o tempo necessário para o homem completar uma volta ao terreno voltar ao ritmo lento (parece que até mais lento) de corrida que trazia quando tinha chegado.
Não terá passado mais que um escasso minuto desde que o homem tinha recomeçado a correr lento quando “desata” de novo a correr…
O homem repete várias vezes o mesmo procedimento, quem as contasse veria que foram 8, corre rápido durante alguns minutos e lento durante um escasso minuto.
Após a oitava volta a “abrir” o homem continua a correr, de novo lentamente como quando chegou ao terreno, completa mais 2 voltas e regressa a casa não repetindo o caminho que tinha feito à ida.
À porta do prédio pára finalmente de correr, faz alguns exercícios de alongamentos e toca à campainha.
Pelo intercomunicador ouve a voz da sua “menina de ouro”, enquanto sobe as escadas olha a menina que já o espera à porta de casa, entram os dois em casa e fecha a porta, que se há-de de novo abrir já só no dia seguinte, para de novo saírem os três.

Voltar a correr em Lisboa (5 meses depois).

Passados que são quase cinco meses desde a última prova em que participei disputada na capital (Corrida 510 Anos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa em 6 de Julho) em dezembro voltarei a correr em Lisboa.
Para já estou inscrito em duas provas:


segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Pedra Filosofal.

Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida,
que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.

António Gedeão
Pseudónimo de Rómulo de Carvalho (Lisboa, 24 de Novembro de 1906 - Lisboa, 19 de Fevereiro de 1997).

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Tempo de agradecer.

Agradecer nunca é perda de tempo!
Começo este meu post de hoje com a frase que em tempos li num excelente blogue sobre corridas (abraço J.).
Hoje é pois tempo de agradecer a todos aqueles que por aqui passaram, em especial aos que com os seus comentários enriqueceram estas “palavras de corredor”.
Agradecer por ter conhecido pessoalmente algumas pessoas com quem travei conhecimento aqui na blogosfera, pessoas que vieram também elas enriquecer a minha vida (António Bento, Ana Pereira, Carlos Lopes, Luís Mota, Miguel Paiva, Fernando Andrade, Susana Adelino, Joaquim Adelino), bem como respectivas famílias e amigos.
Agradecer a todos os que por aqui passaram (comentando ou não) e que não tive ainda o privilégio de conhecer pessoalmente, decerto que não faltarão ocasiões para que tal ainda aconteça.
Agradecer aos companheiros da blogosfera do país irmão, em especial àqueles com quem cimentei fortes laços de amizade (ainda que virtuais).
Agradecer à minha irmã e ao meu cunhado pela disponibilidade e companhia em algumas provas e treinos.
Agradecer por ter a mulher que tenho.
Agradecer pela nossa “menina de ouro”.
Agradecer...

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Números da 34ª Meia-Maratona Internacional da Nazaré.

Distância da prova: 21,097.5 km .
Total de 1150 atletas classificados na meta, 1093 do sexo masculino (95,04% do número total) e 57 do sexo feminino (4,96% do número total).
A prova teve também um atleta classificado na meta em “ cadeira de rodas”.




Fonte: Classificações da prova aqui.

Mais uma foto (belíssima).

Afinal enganei-me muito mais do que pensava acerca de não ter uma recordação do momento da chegada do passado domingo e não é que existe outra belíssima foto.
Ao Eduardo Santos que registou o momento o meu muito obrigado.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

34ª Meia-Maratona Internacional da Nazaré.

Passámos o último fim-de-semana na terra da “mãe”, onde na manhã de domingo participei na 34ª Meia-Maratona Internacional da Nazaré, foi a minha 2ª participação na Nazaré repetindo a presença do ano passado. Tal como há um ano ficámos alojados no Hotel Miramar localizado na Pederneira, local muito aprazível e de onde se tem uma vista deslumbrante.
Descemos cedo à vila que já fervilhava de cor e movimento e ainda antes da partida tivemos o prazer de rever alguns amigos, a 1ª foto do dia foi tirada com a simpática família Adelino, Joaquim e Susana.
Após efectuar o aquecimento despedi-me da Isabel e da Vitória (que participaram na 3ª Caminhada da Meia, prova não competitiva com aproximadamente 4 quilómetros que decorreu simultaneamente) e dirigi-me para a zona de partida quando ainda faltavam alguns minutos para o início da prova.
O “speaker” de serviço ia “puxando” pelos “filhos” e estes iam respondendo, já muito perto das 11 horas (hora prevista de início da prova) uma vaga de ondas varreu a marginal onde estávamos concentrados, quase de seguida a “nossa” grande campeã Rosa Mota não conseguiu dar o tiro de partida mas tal não foi impeditivo de que pela 34ª vez a “mãe” partisse.
Nos passeios muitas pessoas a assistirem à passagem de um pelotão muito compacto mas que aos poucos, qual lagarta, se foi alongando.
Após a voltinha inicial à vila passei de novo pela zona de partida, quase de seguida completei o 5º quilómetro com um tempo a rondar os 24 minutos e na zona do 1º abastecimento recebi uma água e uma esponja (ao longo do percurso existiram 4 abastecimentos nos quais os atletas tiveram sempre água e esponjas).
Ao longo do percurso também existiram vários chuveiros.
O dia estava esplêndido para correr, sem vento e com uma temperatura amena, embora com o desenrolar da prova a temperatura viesse a ficar um pouco mais quente.
Seguiu-se a parte do percurso até Famalicão, ao passar na placa que indicava o 10º km o meu cronómetro esse indicava já 47’.
Entretanto em sentido contrário ia vendo passar os atletas que faziam o percurso de volta à Nazaré.
Pouco depois “entrei” em Famalicão onde nas ruas existiam mesmo muitas pessoas a assistirem e a incentivarem os atletas, destacando-se desses incentivos os que partiam de um grupo de jovens, na maioria do sexo feminino, que iam gritando o nome dos atletas que iam vendo passar (graças aos dorsais personalizados, este ano pela 1ª vez).
Engraçado que no meio dos nomes, de vez em quando, iam gritando também o número deste ou daquele atleta que não tinha o nome impresso no dorsal (como no meu caso) e o 1376 (o meu número) também foi ouvido nas ruas de Famalicão, claro que agradeci a gentileza levantando a mão quando o fizeram.
Pouco depois passou em sentido contrário o Fernando Andrade que já voltava do ponto de retorno e que me chamou pelo nome (Almeida), não podia imaginar na altura que com o desenrolar da corrida acabaríamos por terminar juntos a prova.
Após o ponto de retorno aproveitei o facto de o percurso ser ligeiramente a descer para me deixar ir, nessa fase vi vir em sentido contrário o Joaquim Adelino e quando me cruzei com ele dei-lhe uma palavra de incentivo, passei aos 15 quilómetros com um tempo a rondar a 1h10’, ainda um pouco antes da placa dos 15 quilómetros juntou-se a mim um companheiro que estava a fazer a sua 1ª Meia-Maratona e seguimos assim alguns quilómetros (até pouco depois do 18º km).
Já na longa recta da meta tive a certeza de que a “mãe” se preparava para ser generosa comigo permitindo-me o meu melhor registo na distância, o que viria a acontecer ao ter terminado com o tempo oficial de 1h38’47’’ (o registado por mim foi um pouco menos).
À medida que me ia aproximando da linha de chegada ia tentando ver onde estaria a Vitória, surpreendentemente dei comigo a correr ao lado do Fernando Andrade e trocámos algumas palavras enquanto continuámos a correr para concluir a prova, pouco depois vi a Vitória que já estava pronta para “cortar a meta com o papá”, como ela costuma dizer.
Como já relatei no post anterior o Fernando não foi menos generoso para comigo do que a própria “mãe” se preparava para o ser e presenteou-me com um gesto que muito me sensibilizou, o qual lhe agradeço.
Terminava para mim da melhor maneira a minha participação na "mãe" deste ano de 2008.

Depois da prova tivemos ocasião para conviver um pouco com a família Mota (Luís, Susan, Mariana e Luís Carlos), momentos agradáveis e a fecharem com chave de ouro esta nossa estadia na terra da “mãe”.
Saímos da Nazaré já ao fim da tarde de domingo e à noite já em casa só sentíamos pena (eu e a Isabel) por muito provavelmente não irmos ter uma foto do momento da chegada, afinal como também já disse no post anterior, um homem da Nazaré, António Balau, tinha registado aquele momento tão especial para mim e colocado a foto no seu excelente blog “NAZARÉ imagens com palavras”. Mais uma vez obrigado António Balau.
A “mãe” no passado domingo, em especial para mim, revelou-se mesmo muito generosa.

Mais 3 bons momentos vividos na manhã de domingo, o encontro ainda antes da prova com a família Adelino (Susana e Joaquim) e Daniel (que tirou a foto), eu e a Vitória com o Luís Mota e os filhos (Mariana e Luís Carlos) na companhia de alguns jovens vestidos como manda a tradição da Nazaré e por fim eu com as minhas meninas (Isabel e Vitória).

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

A Foto.

Ontem voltei a participar na Meia-Maratona da Nazaré, já muito perto da meta "apanhei" o Fernando Andrade e seguimos juntos, também como habitualmente perto da linha de chegada lá tinha a Vitória, peguei-lhe numa das mãos e seguimos para a linha de chegada, tendo depois o Fernando pegado na outra mão da Vitória e foi assim que cortamos a meta.
Foi um momento do qual gostaria muito de ter uma recordação como é óbvio, mas achava com muita pena minha que não ia ter, afinal enganei-me e não é que tenho mesmo uma excelente foto (obrigado António Balau).

terça-feira, 4 de novembro de 2008

5ª Maratona do Porto (III - Números).

Distância da Prova: 42,195 km.
Total de 583 atletas classificados na meta, 539 do sexo masculino (92,45% do número total) e 44 do sexo feminino (7,55% do número total).






Fonte: Classificações no site da prova.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

5ª Maratona do Porto (II – Palavras, “3ª parte”).

O dia da prova (da "meia" à maratona) - Seguiram-se os quilómetros de retorno até passarmos de novo para o Porto, a rara beleza do percurso continuava quilómetro após quilómetro a envolver-me e a seduzir-me docemente, do nosso lado esquerdo um barco de turismo ia deslizando suavemente nas águas do Douro, nos passeios algumas pessoas assistiam à passagem da prova enquanto outras iam passeando, pouco depois já de novo no lado do Porto seguimos em direcção ao Freixo e ao ponto de retorno da prova nessa parte do percurso (localizado sensivelmente ao quilómetro 28,5).
Enquanto corríamos íamos vendo passar os atletas que corriam em sentido contrário ao nosso, entre eles o Miguel Paiva e mais uma vez trocámos palavras de incentivo na altura em que nos cruzámos.
Vimos também passar muitos dos atletas estrangeiros presentes na prova evidenciando-se dos mesmos muitos representante do País do Sol Nascente, atletas que de todo em todo não estava à espera de encontrar na cidade Invicta (a comprovar a excelente promoção que o incansável Jorge Teixeira e a sua equipa têm conseguido fazer também no estrangeiro da Maratona do Porto).
Chegámos assim ao ponto de retorno no Freixo com 2 horas e 50 e tal minutos de corrida, nesse ponto despedi-me do Alberto Bastos e passei a imprimir à minha corrida um ritmo ligeiramente superior ao que tinha feito até então.
Nos treze (quase 14) quilómetros finais corri sempre só, fui ultrapassando muitos participantes, alguns que seguiam a passo e outros que iam nitidamente em quebra.
Já muito perto da placa do km 42 vi a Aurora Cunha que ia incentivando os atletas prestes a concluírem a prova.
Passei por ela e cumprimentei-a, seguiram-se mais umas dezenas de metros de corrida e após a curva, já com meta à vista, do meu lado esquerdo lá estavam a Vitória e a Isabel, continuei a correr até junto delas, olhei sorridente para elas e foi sorrindo que peguei na mão da minha “menina de ouro” e juntos corremos até cortar a linha de chegada.
Terminava pois a minha primeira maratona embora o meu cronómetro tivesse continuado a contar o tempo pois até me esqueci de o parar, na altura nem fixei o tempo final, ao certo só sabia que tinha demorado mais de 4 horas e foi já à noite e em casa que confirmei o tempo que efectivamente demorei a completar a prova (4h06’33’’).
Pouco depois uma menina colocou-me ao pescoço a medalha da prova e logo depois outro jovem perguntou-me se queria uma água ou uma cerveja.
Ainda na zona de recuperação encontrei-me com o Miguel Paiva (estava à espera para a massagem), cumprimentámo-nos por termos atingido os nossos objectivo e despedimos-nos até uma próxima vez.
Já na companhia na Isabel que irradiava felicidade pedimos a uma participante estrangeira (francesa) que nos tirasse uma foto e voltámos depois para junto da Ana Pereira (o carrinho da Vitória tinha ficado junto dela), que na zona de chegada ia registando em fotos as chegadas de alguns amigos e conhecidos.
Ficámos ainda bastante tempo na zona de chegada uma vez que o autocarro que nos levou de volta ao hotel teve que aguardar que chegasse um atleta que também seguiria no autocarro…atleta que foi o último a chegar dos 583 atletas que completaram a 5ª Maratona do Porto (mais 171 atletas que em 2007).
Dos 583 classificados na meta na 5ª Maratona do Porto, 539 (189 seniores e 350 veteranos) eram do sexo masculino e os restantes 44 eram do sexo feminino (10 seniores e 34 veteranas).
A “legião Africana” presente na prova dominou por completo a mesma com apenas 2 atletas Portugueses nos 12 primeiros (António Salvador em 7º e Luís Silva em 10º).
O vencedor no sector masculino foi o queniano Samuel Muturi (2h11’08’’) e no sector feminino a vencedora foi a atleta etíope Tirfe Beyene (2h35’31’’), atleta que na classificação geral se classificou em 17º lugar.
Deixámos a cidade Invicta ao final da tarde de domingo mas com muita vontade de voltar.