
A prova teve arena na zona do mercado de São Mamede, uma das freguesias do concelho da Batalha, Distrito de Leira, local muito perto de Fátima.
Aproveitámos e passámos o fim-de-semana na região, ficámos alojados em Fátima e durante a tarde de sábado visitámos as lindíssimas grutas da moeda e a Aldeia de Pia do Urso, locais por onde passei a correr durante os trilhos.
Já na manhã de domingo e ainda antes da partida deu para rever alguns companheiros das corridas.
Da prova em si dizer que gostei mesmo muito, os anunciados 29 quilómetros traduziram-se para mim em 3h15' de puro prazer de correr, de andar, de subidas difíceis, de descidas cheias de adrenalina, de vistas deslumbrantes, de cheiros, de chilrear de pássaros, 3h15' durante as quais retive algumas imagens, sons, cheiros…
O som do chocalho a anunciar o início da prova, pisar os primeiros trilhos, alguma lama, chegar perto das grutas da Moeda, ver os companheiros que de lá já voltavam, entrar nas grutas, percorrer toda a sua extensão, sair de novo para o exterior, caminhos com algumas subidas suaves, os trilhos que se seguiram, muita rocha calcária, seguir em fila indiana que a largura dos trilhos a isso obrigava, ver o Andrade que um pouco mais à frente ia tirando fotos, seguir na cola da Analice, chegar ao marco geodésico, o Andrade que já por lá estava e que ia tirando fotos, continuar nos trilhos, sempre muita "pedra", a subida para aos moinhos, a paragem, contemplar aquela vista fabulosa, sentir o céu tão perto.
Seguiu-se uma fase a descer, ainda com muita "pedra", depois uma fase mais plana e que acabaria por nos levar até à Aldeia de Pia do Urso, fase durante a qual perdi de vista quer o Andrade, quer a Analice, quer os outros companheiros que tinham saído da zona de abastecimento na mesma altura que eu.
Aldeia de Pia do Urso que rapidamente foi deixada para trás, de novo trilhos, de novo um estradão, mais trilhos, mais "pedra", chegar às imediações de mais um moinho, zona em que avistei o Nuno Kabeça que vinha um pouco mais atrás, eu nessa fase seguia já de novo perto da Analice.
Nos quilómetros seguintes perdi a Analice mas tentei seguir na cola de um companheiro (atleta das Lebres do Sado) que parecia conhecer bem o percurso, nas descidas ele ganhava avanço, nas subidas e nas rectas eu recuperava e colava-me de novo a ele, chegámos assim à zona de mais um abastecimento, enquanto estivemos parados chegou um grupo bem composto de atletas que por sua vez também pararam, logo depois houve um que seguiu e eu resolvi seguir com ele mas nos quilómetros seguintes acabaria por ter que seguir a "solo" e foi já sem companhia que cheguei à zona das torres eólicas, aproveitei nessa fase os estradões existentes para correr um pouco mais rápido.
Com uma vista arrebatadora sobre o Vale de Reguengo olhei a longa descida que teria que fazer até Reguengo de Fetal, por trilhos sempre muito estreitos e com muita "pedra" iniciei a descida, à medida que ia descendo o terreno ia ficando mais empinado, ainda assim consegui realizar toda a descida em bom ritmo, depois continuei num bom ritmo de corrida no estradão que se seguiu a descer em direcção a Reguengo de Fetal, onde entusiasmado de como me vinha a correr a prova nos últimos quilómetros e sem saber o que me esperava nos quilómetros seguintes fiz apenas uma breve paragem na zona de abastecimento e de controlo da prova ai existente.
Seguiu-se depois a subida bem a pique por um trilho que por vezes sumia no meio da vegetação e durante a qual passámos pelo buraco roto, eu ia aproveitando a vegetação rasteira para me auxiliar na subida, sensivelmente a meio da mesma parei e contemplei mais uma vista arrebatadora, depois lá segui e acabei naturalmente por chegar ao topo, logo depois recomecei a correr e quase de imediato deparei com nova descida, de novo com muita "pedra", descida que ainda assim se fez bem pois as cordas existentes do local foram uma boa ajuda, logo depois retomei o passo de corrida e assim se foram passando os quilómetros seguintes durante os quais corri durante grande parte dos mesmos mas em que caminhei nas subidas mais acentuadas que iam aparecendo, quilómetros em que corri mais uma vez a "solo", fase da prova em que senti uma grande sensação de liberdade, indescritível.
Quase sem dar por isso cheguei a uma estrada em que um elemento da organização me disse que era sempre a descer, segui em bom ritmo e quase de imediato entrei na arena, olhei o pórtico de chegada, por perto estava a minha irmã com a Vitória, esta assim que me viu correu na minha direcção para me dar a mão, juntos corremos os últimos metros da prova e cortámos mais uma linha de chegada, logo depois o beijo da Vitória a coroar uma manhã que para mim foi perfeita, esta é mais uma daquelas que no arquivo de memórias do corredor vai direitinha para "manhãs felizes", venham mais.
Classificações aqui.