quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Soneto de amor.

Não me peças palavras, nem baladas,
Nem expressões, nem alma...Abre-me o seio,
Deixa cair as pálpebras pesadas,
E entre os seios me apertes sem receio.

Na tua boca sob a minha, ao meio,
Nossas línguas se busquem, desvairadas...
E que os meus flancos nus vibrem no enleio
Das tuas pernas ágeis e delgadas.

E em duas bocas uma língua..., - unidos,
Nós trocaremos beijos e gemidos,
Sentindo o nosso sangue misturar-se.

Depois... - abre os teus olhos, minha amada!
Enterra-os bem nos meus; não digas nada...
Deixa a Vida exprimir-se sem disfarce!

José Régio
(Vila do Conde, 17 de Setembro de 1901 – Vila do Conde, 22 de Dezembro de 1969)

4 comentários:

uminuto disse...

POema de amor, em palavras de desejo. Gostei de relembrar

Ana paula pinto disse...

José Régio,

Um "vizinho" de uma outra alma imensa com uma sensibilidade indescritível para as "letras" e a "música": a minha estrelinha azul. Portalegre foi terra adoptiva dos dois. As suas casas vizinhas uma da outra.

O António é mestre na escolha das "pinceladas poéticas" que aqui apresenta. Faz-nos querer mais e mais...ir à procura; descobrir; recordar;

E neste país de pobreza e horizontes medíocres, resta-nos (me) o orgulho da riqueza de grandes nomes. Como contrastam na grandiosidade da sua obra com a pequenez da "terra" em que nasceram.

FREE ATLETA disse...

Muito bonito e inspirador!!! Boa sexta feira guerreiro.

Vânia Almeida disse...

Maravilhoso! Adoro poemas de amor.