Não me peças palavras, nem baladas,
Nem expressões, nem alma...Abre-me o seio,
Deixa cair as pálpebras pesadas,
E entre os seios me apertes sem receio.
Na tua boca sob a minha, ao meio,
Nossas línguas se busquem, desvairadas...
E que os meus flancos nus vibrem no enleio
Das tuas pernas ágeis e delgadas.
E em duas bocas uma língua..., - unidos,
Nós trocaremos beijos e gemidos,
Sentindo o nosso sangue misturar-se.
Depois... - abre os teus olhos, minha amada!
Enterra-os bem nos meus; não digas nada...
Deixa a Vida exprimir-se sem disfarce!
José Régio
(Vila do Conde, 17 de Setembro de 1901 – Vila do Conde, 22 de Dezembro de 1969)
4 comentários:
POema de amor, em palavras de desejo. Gostei de relembrar
José Régio,
Um "vizinho" de uma outra alma imensa com uma sensibilidade indescritível para as "letras" e a "música": a minha estrelinha azul. Portalegre foi terra adoptiva dos dois. As suas casas vizinhas uma da outra.
O António é mestre na escolha das "pinceladas poéticas" que aqui apresenta. Faz-nos querer mais e mais...ir à procura; descobrir; recordar;
E neste país de pobreza e horizontes medíocres, resta-nos (me) o orgulho da riqueza de grandes nomes. Como contrastam na grandiosidade da sua obra com a pequenez da "terra" em que nasceram.
Muito bonito e inspirador!!! Boa sexta feira guerreiro.
Maravilhoso! Adoro poemas de amor.
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