sábado, 3 de maio de 2014

Correr em casa.

A 2ª Meia-Maratona de Almada que teve lugar no passado dia 27 de Abril e na qual participei foi para mim muito mais que mais uma "meia", foi um correr em casa, correr na "minha/nossa" cidade de Almada, cidade (então vila) onde nasci, cidade onde estudei (desde a antiga primeira classe até ao 12º ano), cidade onde vivi os primeiros amores, os namoros, cidade onde trabalhei, cidade onde casei, cidade onde vivi os meus piores dias, os das despedidas a entes queridos, cidade onde vivi também dos dias mais felizes da minha vida, cidade à qual continuo profundamente ligado…
Cidade onde comecei a correr corria então o ano de 1975, então numa já cidade mas muito diferente da de hoje também no que diz respeito à corrida, atravessar as ruas de Almada a correr era quase sempre sinónimo de ouvir umas quantas bocas, as quais aprendi em grande parte a superar/ignorar com o meu vizinho e amigo de infância, à época atleta do SLB, o para mim grande Mota Gomes (à data da precoce e recente partida de entre nós Mota Gomes era secretário-geral da Federação Angolana de Atletismo depois de como atleta ter brilhado nas pistas de atletismo e de como técnico ter passado muito do seu saber como ele tão bem sabia fazer).

Almada, cidade onde participei em tantas provas, a primeira em 1975 e como individual se bem que já então corresse pelos Ases das Avenidas (um clube das avenidas novas em Lisboa e o primeiro clube que representei). Depois tantas outras vezes em representação dos dois clubes de Almada que pelos quais mais vezes corri, o CDA – Clube Desportivo de Almada e o São Paulo de Almada.
Também andei por outros dois clubes de Almada mas quase de passagem, o Ginásio Clube do Sul e o Sport Almada e Figueirinhas.
Na maior parte dessas provas em Almada, as partidas e chegadas, ora eram junto à Câmara de Almada, ora eram junto ao Largo do Tribunal, se bem que me lembre de provas com outros locais quer de partida, quer de chegada…
Curiosamente o local de partida e de chegada da 1ª meia-maratona de Almada (a de 2013) que foi junto à Lisnave foi o mesmo de uma prova em que participei em finais dos anos 70 ainda que com uma distância e percurso totalmente diferentes.

Naturalmente que nesses anos finais da década de 70, além das ruas não eram muitos os locais de treinos em Almada, ainda assim lá existiam locais sagrados.
Um deles, o meu primeiro "santuário" de corrida, o Seminário Maior de São Paulo de Almada, comecei a lá correr quando o acesso ainda era restrito mas tive o privilégio/sorte de ter tido sempre um fácil acesso facultado pelo meu tio Manuel que lá desempenhou funções durante toda a sua vida.
Mais tarde o seminário viria a autorizar a utilização a pedido das instalações para a prática de desporto (corrida principalmente) mas abusos praticados viriam a levar à interdição dessa mesma utilização.
Também era fácil chegar a outro "santuário" de então, quase sempre a "entrada" era feita pelo lado da Rotunda do Centro-Sul, seguia-se o "atravessar" a zona das hortinhas, depois subir e a Alagoa/Quinta do Chegadinho em todo o seu esplendor lá estava para nos receber.
Estes dois locais (Seminário e os terrenos onde hoje em dia é o Parque da Paz) fizeram obrigatoriamente e naturalmente parte da vida de todos aqueles que então corriam.
No meu caso tive também um outro "santuário", menos belo, menos atractivo, mas que fazia parte da minha romaria matinal, o campo do Beira-Mar de Almada.
Recordo também que nos anos em que representei o São Paulo de Almada ter feito alguns treinos na pista de atletismo da Base do Alfeite, pista onde competi uma vez corria então o ano de 1979 (sei-o bem porque tenho a placa de participação que então recebi). 

Almada, tantas e boas recordações ligadas à corrida que vêm de há quase 40 anos até à manhã do último domingo, tão bom correr em casa...


Primeiro diploma que recebi numa prova em Almada.

Treino num dos meus "santuários" de corrida em Almada.

4 comentários:

JoaoLima disse...

Excelente artigo de grandes memórias!

Obrigado pela partilha

Um abraço

Maria Sem Frio Nem Casa disse...

De facto Almada está entranhada em ti e tu nela. E assim, uma vida inteira juntos, claro que correr em prova nela, é correr certamente com muita e muita emoção.

Beijinhos às meninas e para ti também António

Bons Km disse...

Quantas lembranças e quantos km percorridos por Almada, que você ainda tenha oportunidade de correr muitas provas em casa.
Bons km
Ju

Luis disse...

Revejo-me no texto... pois desde muito novo também fiz atletismo num dos "santuários" preferidos da malta, a "Quinta do Chegadinho"! A Meia Maratona também me trouxe à lembrança muitas memórias!

Força!