sexta-feira, 13 de junho de 2008

Liberdade.

Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.
§
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...
§
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
§
Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!
§
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
§
O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...
§
Fernando Pessoa
(Lisboa, 13 de Junho de 1888 - Lisboa, 30 de Novembro de 1935)
§
Nota) Palavras de Fernando Pessoa, o poeta nascido em Lisboa faz hoje 120 anos.

2 comentários:

Alison G. Altmayer disse...

Obrigada por nos presentear com esse poema de Fernando Pessoa.

Boas corridas!

António Bento disse...

olá António
a marginal à noite foi corrida?
espero que sim, pois o ambiente estava agradável.
1 abraço e até breve,
ab