terça-feira, 14 de junho de 2011

5ª Ultra-Maratona Caminhos do Tejo (continuação).

De Vila Nova da Rainha a Valada (20 km):
Passado pouco tempo estava a correr na Nacional que nos levaria até à Azambuja, coloquei-me do lado esquerdo virado para os carros e camiões que passavam em alta velocidade, passado algum tempo avistei ao longe um grupinho, pensei que decerto seria composto pelo Ceú, pela Helena e pelo Luís Góis (um dos homens da BTT), olhei para trás e nada do Paulo ou do resto do pessoal da BTT, continuei a correr mas sem me conseguir aproximar do tal grupinho.
De repente e do meu lado esquerdo vejo a carrinha da Cátia, ouço a Isabel perguntar se estava tudo bem, com o polegar fiz o sinal de ok e gritei para avançarem e procurarem uma estação de serviço aberta para me comprarem coca-cola. Olhei a carrinha até ela desaparecer do meu campo de visão, procurei pelo grupinho mas nada, decerto tinham-me ganho um avanço considerável. Corri ainda algum tempo até chegar a uma estação de serviço aberta, a Isabel e a Cátia já tinham a coca-cola com elas, bebi 2 grandes copos, arrotei de imediato, senti-me bem melhor. Nesse tempo chegou o Paulo na companhia do Hélder Jorge, seguimos depois todos juntos.
Já na Azambuja deixámos a Nacional, nessa fase fui ganhando avanço ao Paulo, com isso fiquei de novo só, passados alguns quilómetros foi altura de entrar de novo nos trilhos, inicialmente tipo estradão, depois bem estreitos e em terreno bem acidentado, por vezes a vegetação de ambos os lados quase que tapava a passagem, mais que imagens retive sons, água a correr, cães a ladrar, …e o escuro da noite…
De repente dei por mim na dúvida de qual a direcção a seguir, sabia que se me perdesse muito provavelmente só com o nascer do dia retomaria o trilho certo, resolvi não arriscar e esperar pelo Paulo que decerto viria com o Hélder, os quais passado algum tempo chegaram junto de mim, seguimos depois os três.
Segui ainda algum tempo com o Paulo mas com o passar dos quilómetros ganhei-lhe de novo avanço e alcancei a Helena, troquei algumas palavras com ela, ia já com bastantes dificuldades, o Luís Góis continuava junto dela pelo que resolvi avançar.
Passado algum tempo dei por mim a correr de novo em estrada, a noite de mansinho começava a dar lugar ao dia, ao longe vi uma placa de identificação de uma terra e pensei que seria Valada, ao chegar perto vi que afinal era Reguengo, parei de correr mas sem parar de andar peguei no telemóvel e liguei para a Isabel, por essa altura estava em Santarém onde o pessoal da organização já estava a montar esse ponto de abastecimento, falei com ela e confirmei segundo o Eduardo que também por lá estava, que estava no rumo certo, Valada seria a povoação seguinte, o que de facto se confirmou, já em Valada mas bem antes do abastecimento vi o Zé Magro, parei junto dele e falámos um pouco, sempre muito atencioso este companheiro deste admirável “Mundo da Corrida”.
Retomei depois o passo de corrida em menos de nada estava no 3º ponto de abastecimento, já de dia, já com 64 quilómetros corridos.
Continuava sem vontade de comer, comi apenas umas fatias de presunto e bebi uma coca-cola.
Vi partir os companheiros que tinham chegado antes de mim, depois retomei também eu a prova.

De Valada a Santarém (20 km):
Nesta 4ª etapa já corrida com a luz do dia foram 20 quilómetros quase a solo…quase…
Saí de Valada na companhia do Paulo Abrantes mas porque ele começou logo com grandes períodos a caminhar rapidamente o deixei de ter como companhia, também os homens da BTT Tigre, Hélder Jorge e Manuel Fonseca que fechavam o pelotão ficaram para trás com ele.
Sensivelmente aos 70 km apanhei a Céu que tinha a companhia do outro BTT Luís Góis, breves palavras trocadas com ela que me disse que estava com grandes dificuldades e que provavelmente iria ficar por ali, uma última palavra de incentivo e continuei naqueles longos estradões que pareciam não ter fim, a partir dessa altura decidi caminhar 1 quilómetro e correr os 3 seguintes, assim o fiz e com isso cheguei perto da subida para Santarém numa altura em que tinha já passado outro participante (penso que o Carlos Pires) e tinha no meu campo de visão um grupinho de 3 outros atletas (Analice, Zé Carlos e Jesus Velilla), igualmente no meu campo de visão tinha há muito a altiva cidade de Santarém, nestes quilómetros de aproximação à subida para Santarém tive a companhia do BTT Luís Góis.
Já em plena subida para Santarém apanhei o Zé Carlos Fernandes que seguia nessa fase sozinho, subida quase feita e já em Santarém tempo ainda para uma paragem numa tasquinha, a mesma onde no ano anterior o Zé também tinha parado com os seus companheiros de então, o brinde, a mini que soube mesmo muito bem…
Pouco depois continuámos e passado pouco tempo chegámos ao ponto de abastecimento onde fomos logo recebidos pelo Fernando Fonseca com mais uma mini para cada um de nós.
No tempo em que lá estive por fim consegui comer algo, depois fui à massagem, depois e numa altura em que já todos tinham retomado a prova à excepção do Paulo Abrantes decidi também eu continuar.


De Santarém a Santos (18 km):
Saí de Santarém tendo a companhia do BTT Manuel Fonseca e numa altura em que o calor começava a apertar.
Senti-me bem ao recomeçar a correr mas estava consciente que a falta de alimentação durante as horas que tinham passado de certeza que iriam fazer “mossa”, passados alguns quilómetros em que corri nas descidas e rectas e andei nas subidas (como fiz em toda esta 5ª etapa) chegaram junto de nós o Tigre e o Hélder, o Paulo Abrantes tinha ficado em Santarém, passei a fechar o pelotão e com isso passei a ter a companhia do trio BTT Tigre, Hélder e Manel.
Já bem perto dos 100 quilómetros e numa altura em que a água já me tinha acabado a sorte de numa das povoações por onde passámos haver um café aberto (segundo o Tigre no ano passado estava fechado), uma paragem para uma bebida e um encontro com o Zé Carlos e o Jesus Velilla que também por lá estavam.
Seguimos depois todos juntos, de repente o Zé Carlos começa aos gritos, segundo ele naquele local e no ano anterior o grupo em que ele seguia fizeram uma grande festa naquele ponto, ali atinge-se os 100 quilómetros.
Este ano eu, o Zé Carlos e o Jesus Velilla lá posámos para a foto que se impunha.
Depois não mais os consegui acompanhar, ansiava apenas chegar junto da Isabel mas nunca dois quilómetros me pareceram tão longos.
Senti que estava completamente esgotado, segui apenas a passo, devagar…
Por fim cheguei ao ponto de abastecimento, cheguei junto da Isabel, olhámo-nos e não pudemos deixar de sorrir.
Depois e mais tarde o Zé e o Jesus ainda tentaram que eu seguisse com eles, com muita pena vi-os partir, sabia que de todo não me era possível continuar.
Fiquei pois aos 102 quilómetros com 14h25’ de tempo decorrido desde a hora da partida…

7 comentários:

Vermes e outros contos disse...

Também partilho do mesma espécie de "fascínio" por esta prova... Muito obrigado pelo relato. Talvez um dia me ponha a caminho também.

E disse...

oi, antónio!

belo relato!
pude sentir um pouco do que você passou nesse desgastante e gratificante longo caminho!

102km!
por um caminho cheio de significado!

e esse momento final, quando você reencontrou a isabel, é emocionante! um sorriso que diz tudo! amor, cumplicidade, companheirismo!

parabéns mais uma vez pelo desafio!

abraços,
com admiração,

elis

mariolima52 disse...

António

Se tivesses passado por Almeirim e comesses uma 'Sopa da Pedra' e bebesses uma 'Lezíria' da região ficavas como novo. Agora com Coca-Cola...

:)

Não deste mais porque mais não podias. Não podias exigir mais de ti.

Fica para a próxima.

Abreijos!

luis mota disse...

Companheiro
Foi até à última gota!
Para o ano certamente alcançarás o objectivo.
Grande abraço,
Luís mota

joaquim adelino disse...

Grande António, que grande sacrifício, mas valeu a pena.
Parabéns por isso.
Abraço para a família.

FREE ATLETA disse...

O verdadeiro guerreiro , parabéns Antonio !!!!

Unknown disse...

Olá António;

Isso agora é de ultra em ultra....! Fantásticas estas tuas prestações desportivas.!!

Parabéns.

dos Xavier's