A 2ª Meia-Maratona de Almada que teve lugar no passado dia 27 de Abril e
na qual participei foi para mim muito mais que mais uma "meia", foi um correr
em casa, correr na "minha/nossa" cidade de Almada, cidade (então vila) onde
nasci, cidade onde estudei (desde a antiga primeira classe até ao 12º ano),
cidade onde vivi os primeiros amores, os namoros, cidade onde trabalhei, cidade
onde casei, cidade onde vivi os meus piores dias, os das despedidas a entes
queridos, cidade onde vivi também dos dias mais felizes da minha vida, cidade à
qual continuo profundamente ligado…
Cidade onde comecei a correr corria então o ano de 1975, então numa já
cidade mas muito diferente da de hoje também no que diz respeito à corrida,
atravessar as ruas de Almada a correr era quase sempre sinónimo de ouvir umas
quantas bocas, as quais aprendi em grande parte a superar/ignorar com o meu vizinho e amigo de infância, à época atleta do SLB, o para
mim grande Mota Gomes (à data da precoce e recente partida de entre nós Mota Gomes era secretário-geral da Federação
Angolana de Atletismo depois de como atleta ter brilhado nas pistas de
atletismo e de como técnico ter passado muito do seu saber como ele tão bem
sabia fazer).
Almada, cidade onde participei em tantas provas, a primeira em 1975 e como
individual se bem que já então corresse pelos Ases das Avenidas (um clube das avenidas novas em Lisboa e o primeiro clube que representei). Depois tantas
outras vezes em representação dos dois clubes de Almada que pelos quais mais
vezes corri, o CDA – Clube Desportivo de Almada e o São Paulo de Almada.
Também andei por outros dois clubes de Almada mas quase de passagem, o
Ginásio Clube do Sul e o Sport Almada e Figueirinhas.
Na maior parte dessas provas em Almada, as partidas e chegadas, ora eram junto
à Câmara de Almada, ora eram junto ao Largo do Tribunal, se bem que me lembre
de provas com outros locais quer de partida, quer de chegada…
Curiosamente o local de partida e de chegada da 1ª meia-maratona de
Almada (a de 2013) que foi junto à Lisnave foi o mesmo de uma prova em que
participei em finais dos anos 70 ainda que com uma distância e percurso
totalmente diferentes.
Naturalmente que nesses anos finais da década de 70, além das ruas não eram muitos os locais de treinos em Almada, ainda assim lá existiam locais sagrados.
Um deles, o meu primeiro "santuário" de corrida, o Seminário Maior de São Paulo de Almada, comecei a lá correr quando o acesso ainda era restrito mas tive o privilégio/sorte de ter tido sempre um fácil acesso facultado pelo meu tio Manuel que lá desempenhou funções durante toda a sua vida.
Mais tarde o seminário viria a autorizar a utilização a pedido das
instalações para a prática de desporto (corrida principalmente) mas abusos
praticados viriam a levar à interdição dessa mesma utilização.
Também era fácil chegar a outro "santuário" de então, quase sempre a "entrada" era feita pelo lado da Rotunda do Centro-Sul, seguia-se o "atravessar" a zona das hortinhas, depois subir e a Alagoa/Quinta do Chegadinho em todo o seu esplendor lá estava para
nos receber.
Estes dois locais (Seminário e os terrenos onde hoje em dia é o Parque da
Paz) fizeram obrigatoriamente e naturalmente parte da vida de todos aqueles que
então corriam.
No meu caso tive também um outro "santuário", menos belo, menos
atractivo, mas que fazia parte da minha romaria matinal, o campo do Beira-Mar
de Almada.
Recordo também que nos anos em que representei o São Paulo de Almada ter
feito alguns treinos na pista de atletismo da Base do Alfeite, pista onde
competi uma vez corria então o ano de 1979 (sei-o bem porque tenho a placa de
participação que então recebi).
Almada, tantas e boas recordações
ligadas à corrida que vêm de há quase 40 anos até à manhã do último domingo, tão bom correr em casa...
Primeiro diploma que recebi numa prova em Almada.
Treino num dos meus "santuários" de corrida em Almada.